quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Tratamento de Choque


Não quero que falte amor para ninguém. Acho que ciúme só dói porque no fundo a gente não acredita nas palavras de quem se declara. Mas pensa: não é pecado dividir o amor entre várias pessoas se isso for feito de forma explícita e igual. Se não falta nem sobra nada, então fica tudo bem.


Vou participar da sua solidão e te ouvir chorar até não sentir mais nada.
            

sábado, 24 de julho de 2010

Luz sobre Papel




Aquele retrato esconde meu rosto 
e segura o ímpeto que tenho todos os dias
 de te tomar pela mão e reclamar o que não é meu.
O meio sorriso que o braço oculta quase não existe. 
Alguma coisa que você falou e eu ri, como sempre. 
Talvez uma daquelas frases feitas que agora me 
embrulham o estômago e que eu ouvia como obra 
prima de sua fala.
Em preto e branco, recortada, rindo meio a meio e 
meio de lado, claridade. Somos imagens em contato e 
esta noite, meu torpor prova que isto basta. Luz sobre 
papel e seu rosto refletido sem máscaras. 
Vejo.
E volto ao meio sorriso monocromático, escondido.
Seguro. 
Não mais existo em você.
Você em mim.
Não.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Defenestração Involuntária

É que eu achei que seria diferente. Eu sempre acho. Mas poxa vida, o que é que a gente faria se não tivesse o direito de nutrir esperanças?! Preocupante é quando alguém consegue pegar todas essas esperanças, pisotear, embolar, colocar num pacote e jogar longe o bastante para perder de vista. Tudo isso com a premissa de "nunca quis (e nem quero) te magoar". Mui bom. Boas notícias, campeão: você conseguiu. Atirou meu tempo pela janela.

E agora?

. . .

sábado, 26 de junho de 2010

Ouvir música no escuro é o ápice do sentido que tem o universo ao meu redor. Tive vontade de escrever sobre essa perspectiva de um gesto que pode parecer absolutamente normal ou não. Vou trocando os discos da lista de  reprodução e penso que sou mesmo estranha. Não consigo ser feliz com o que é comum e às vezes isso é difícil até pra mim. Preciso do que vá me puxar o tapete, virar de cabeça para baixo, sacudir, jogar longe e puxar de volta. Quero o diferente, o que quase ninguém vê, qualquer coisa que cause estranheza. E gosto quando me dizem que eu digo palavras que nem sempre se pode entender. Gosto mesmo das coisas na ordem inversa e de construir mais e mais complexidade. Depois reclamo do meu não entender. É minha única maneira de ser e só, nem tão simplesmente.

Escrevi isso ouvindo Maria Bethânia e pensando no último disco do Capital Inicial. É horrível. Tem artistas que não amadurecem mesmo. E outros que não envelhecem. Prefiro quem amadurece sem perder o frescor, e acho extremamente possível. É inclusive o mais difícil e, bom, já expliquei porque eu gosto. 


Vou voltar para os meus discos e o escuro. Por algumas horas meu mundo vai ser só meu e dos meus "esquisitos", até que o sono chegue.

Justo a mim me coube ser eu. Stranger, but mine. I am mine.

domingo, 16 de maio de 2010

Em concentrado prazo de irresolução *



Eu fiz um desenho do meu desejo.
Eu quero ser dona do meu desejo.
Eu quero ser meu desenho.


Aconteceu de uma maneira tão plástica que nem mesmo eu pude acreditar nas palavras que me saltaram pela boca. Soava imaginação. Mas fosse como fosse, não havia outra verdade senão aquela.






* João Guimarães Rosa

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Desse dia de chuva.




Hoje eu quis brincar de poesia concreta. Na verdade nem foi hoje que ela "nasceu". Já faz bem um tempão, tá fazendo aniversário. Daí, fuçando os arquivos antigos, achei a bonitinha. É bem simples, uma bobagem qualquer. Mas é que hoje as coisas foram assim, como um dia de verão em que o sol não brilha. Fiquei desapontada por esperar o que não me foi prometido. Verdade é que eu dormi o dia todo, desliguei o celular, mas não me desliguei das pequenas correrias do mundo. Deveria. Enfim, sempre me deixa preocupada. É aquela coisa, quanto mais você gosta, mais se preocupa. E procura internamente o motivo de tanto tumulto. Mas é externo. Um temporal que me atinge e não me pertence. Entendo minha inocência embora esteja disposta a assumir o crime se isso for resolver. Mas agora as ideias ainda se pintam em preto, branco e cinza. Como num dia de verão em que o sol não brilha, não. Como hoje.

sábado, 13 de março de 2010

Roseman bridge :)


Voltei na mesma cena dezenas de vezes. Aquela banheira na penumbra e as conclusões mais encaixáveis imbricadas nos quadros sucessivos: cinema é mesmo arte. E tornei a repetir para ouvir o off da Meryl Streep. Tem dias que o mundo mexe mais com a gente.

"Eu ficava pensando nele. Mal sabia o que fazer. Ele percebia tudo: o que eu sentisse, o que eu quisesse, ele procurava atender. E naquele instante, tudo o que eu sabia a meu respeito até então, sumira. Eu agia como alguma outra mulher. Contudo, nunca antes fora tão eu mesma."


Identificação pura e simples. Tem coisa mais propícia para hoje?