T.A.

A inocência foi tanta que não havia como prever o desastre. Só queria dizer boa noite, boa sorte. Disse. Estragou tudo. Mais uma vez, ou pela primeira ou pela última; culpa, isso sim. Culpada, ela, condenada por si mesma.Achou, perguntou, sentiu [se chorou não sei], desesperou-se. Víbora ela. Culpada ela. Carrasco dos outros. Carrasco de si. Tremores, suores, lágrimas, solidão. Não se enganara ao dizer que era mentira; mas aquela mentira não era um engano.O que sobrou do céu? Pedaço de nuvem, gota a gota, chuva. Sabia ela que era o amor, mas não podia. Não podia. Quis poder. As vozes ecoando, o medo, a insanidade latente, a dor de um crime imperfeito.Não queria pensar; era dela. Dela, propriedade por tempo de uso, por dedicação e cuidado, por experiência. Tinha nome, endereço e telefone. Era dela.

Quem?

Quem?

Quem?

Quem?

Ela perguntou QUEM.

Não respondi.

Ela, era eu.

[Re]desenhar

Não adianta. Entra ano, sai ano e o mais gostoso da vida é mesmo o passado; bom, pelo menos para mim. Recordar, mais do que viver, é alcançar o limite do einmal ist keinmal (uma vez é nunca). Assimilar o passado, com saudade ou não, é a melhor forma de
reescrever as linhas tortas no futuro que começa (mais uma vez) agora. Se por vezes parece que a vida é um rascunho que jamais passará pela arte final, o passado surge como prova de que pode não ser assim.Talvez não seja possível saber nesta vida se o que fizemos foi certo ou errado, ou se compensou mudar tantas vezes de opinião, de roupa, de cabelo ou de amor; mas qualquer futuro que nos incomode pode ser redesenhado tendo como modelo o que já aconteceu. Uma vez é nunca, mas a vida nada mais é que uma eterna repetição.

2009 está aí, ano novo sugere mudanças e recordar é sempre um bom exercício para começar tudo outra vez. Deixo aqui o vídeo da música "Microondas", da banda gaúcha Bidê ou Balde, que embalou minha virada de ano (hehe):

"... me disseram que é bom mudar mas eu não sei por onde começar."

: )

Reorganizando

Ano novo, blog novo.

Mas só daqui uns dias.

:)