A inocência foi tanta que não havia como prever o desastre. Só queria dizer boa noite, boa sorte. Disse. Estragou tudo. Mais uma vez, ou pela primeira ou pela última; culpa, isso sim. Culpada, ela, condenada por si mesma.Achou, perguntou, sentiu [se chorou não sei], desesperou-se. Víbora ela. Culpada ela. Carrasco dos outros. Carrasco de si. Tremores, suores, lágrimas, solidão. Não se enganara ao dizer que era mentira; mas aquela mentira não era um engano.O que sobrou do céu? Pedaço de nuvem, gota a gota, chuva. Sabia ela que era o amor, mas não podia. Não podia. Quis poder. As vozes ecoando, o medo, a insanidade latente, a dor de um crime imperfeito.Não queria pensar; era dela. Dela, propriedade por tempo de uso, por dedicação e cuidado, por experiência. Tinha nome, endereço e telefone. Era dela.
Quem?
Quem?
Quem?
Quem?
Ela perguntou QUEM.
Não respondi.
Ela, era eu.